Manipulados
"Sem perícia militar, estes bárbaros são todavia temerosos nas pelejas, porque os capitães experimentados da Arábia os dirigem e movem como lhes apraz, e porque, sectários de uma religião nova, crédulos mártires do inferno, buscam os embusteiros e torpes deleites que, além da morte, lhes prometeu o profeta de Iátribe, arremessando-se com um valor que se creria de desesperados diante do ferro dos seus contrários e contentando-se de acabar, contanto que sobre os seus cadáveres se hasteie vitorioso o estandarte do Islame"
Lia ontem o cap. IX de Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano, e não pude deixar de reparar no paralelismo da situação descrita no excerto com a situação actual.
Este excerto explica a coragem dos muçulmanos aquando da invasão da Península Ibérica, no séc. VIII. Na altura, como agora, eles não eram especialistas na arte da guerra. E também agora eles seguem as ordens dos seus superiores sem medo da morte porque os "capitães experimentados" conduzem-nos invocando a sua religião.
Na minha opinião, é precisamente este aspecto da exaltação religiosa pelos superiores (religiosos, políticos, intelectuais, ou isto tudo ao mesmo tempo) que está na origem da radicalização do povo islâmico. A causa principal não é, como muitos - principalmente europeus de esquerda anti-americanos - vêm dizendo, a hegemonia do ocidente, materializada na intervenção no Afeganistão e na guerra do Iraque. Aliás, deve lembrar-se a estas pessoas que o 11 de Setembro foi antes disso...
Portanto, sem preconceitos, mas também sem tabus, deve-se tentar corrigir a situação no interior da cultura islâmica. Como Pacheco Pereira diz, não se tem ouvido um único intelectual islâmico condenar de forma veemente o terrorismo dos radicais sem um "mas". Isto revela que nem os islâmicos moderados estão fortemente empenhados em acabar com o terrorismo. Há que fazer pressão sobre estes, que, pensa-se, ainda fazem uso da razão, para influenciar a civilização islâmica em direcção à paz e à racionalidade.
Lia ontem o cap. IX de Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano, e não pude deixar de reparar no paralelismo da situação descrita no excerto com a situação actual.
Este excerto explica a coragem dos muçulmanos aquando da invasão da Península Ibérica, no séc. VIII. Na altura, como agora, eles não eram especialistas na arte da guerra. E também agora eles seguem as ordens dos seus superiores sem medo da morte porque os "capitães experimentados" conduzem-nos invocando a sua religião.
Na minha opinião, é precisamente este aspecto da exaltação religiosa pelos superiores (religiosos, políticos, intelectuais, ou isto tudo ao mesmo tempo) que está na origem da radicalização do povo islâmico. A causa principal não é, como muitos - principalmente europeus de esquerda anti-americanos - vêm dizendo, a hegemonia do ocidente, materializada na intervenção no Afeganistão e na guerra do Iraque. Aliás, deve lembrar-se a estas pessoas que o 11 de Setembro foi antes disso...
Portanto, sem preconceitos, mas também sem tabus, deve-se tentar corrigir a situação no interior da cultura islâmica. Como Pacheco Pereira diz, não se tem ouvido um único intelectual islâmico condenar de forma veemente o terrorismo dos radicais sem um "mas". Isto revela que nem os islâmicos moderados estão fortemente empenhados em acabar com o terrorismo. Há que fazer pressão sobre estes, que, pensa-se, ainda fazem uso da razão, para influenciar a civilização islâmica em direcção à paz e à racionalidade.