Wednesday, November 22, 2006

Impressionante

Alunos do básico/secundário contra aulas de substituição, professores contra o Novo Estatuto da Carreira Docente, membros do ensino em geral contra a Ministra da Educação, funcionários públicos contra o corte de regalias, trabalhadores despedidos contra a deslocalização, sindicatos contra aumentos salariais, estudantes do ensino superior contra o valor das propinas e a degradação dos edifícios e equipamentos, e agora, militares contra a acção do Governo no que a eles dizem respeito, numa iniciativa eufemisticamente denominada como "passeio do descontentamento"...
Mas será isto efectivamente justo e adequado ou é pura libertinagem?

Friday, November 17, 2006

Uma mãozinha

Da entrevista de Cavaco Silva, ontem, destacam-se as afirmações de que este governo é reformista e de que os reparos do Presidente da República ao Governo devem ser feitos em privado.
A primeira agrada ao PS e a segunda ao PSD. Mas a primeira é bem mais importante, não sendo apenas uma mãozinha a PS.
É um presente ao PS na medida em que vem mesmo a calhar depois de umas semanas que não correram lá muito bem ao governo. O povo já começava a pensar que afinal este governo não vai fazer mais que os outros e que o discurso reformista é só propaganda.
Por outro lado, se pensarmos a quem convem ser assegurado que o governo é reformista, não há dúvida que é ao eleitorado centro-direita. A esquerda não quer um governo reformista. Hoje, reformismo é sinónimo de políticas liberais, de redução do ditos direitos adquiridos, das prestações sociais e, principalmente, de redução da dimensão do Estado. Por isso, concluo que as afirmações de Cavaco Silva mudam a base de apoio do governo, que deixa de estar à esquerda, mas ao centro e à direita. Assim, nos próximos tempos, para se sustentar, o governo tem de agradar à esta nova base de apoio, diferente do que é tradicional nos governos PS.
Isto traz consequências para o rumo do governo e, a médio e longo prazo, no posicionamento político do PS, questão essa cuja pertinência foi evidente no recente congresso do PS

Nota: A utilização, por mim, da divisão esquerda-direita neste post, como noutros, é feita por motivos práticos de exposição do raciocínio. Na verdade, eu acho esta classificação demasiado simplista e, hoje, sem qualquer significado para além das simpatias partidárias do eleitorado. Não utilizo outra porque esta é a melhor entendida em geral na sociedade e porque, admito, ainda nem encontrei nenhuma outra que consiga abranger todo o eleitorado sem misturar planos diferentes. É uma questão a reflectir num futuro post.

Wednesday, November 08, 2006

Alvo fácil

Alberto João Jardim é um político populista, demagógico e desbocado. Não sou madeirense e nunca fui à Madeira; portanto, não sei se a sua obra é boa ou não, mas isto também não interessa para o caso.
O que interessa é que tudo o que Jardim diz, por ser dito da forma que ele diz, tem lugar nas primeiras notícias dos telejornais. Interessa também que o povo do continente desconfia dele porque consta que esbanja o dinheiro que recebe do continente e ainda faz insinuações separatistas.
Até há pouco tempo, os governos da república tinham medo de contradizer Jardim porque, a seguir, ele vinha para a televisão criticar fortemente o dito governo. Mas Sócrates virou a situação e mata três coelhos de uma cajadada só. Aprendeu que, quanto mais provoca Jardim, mais ele reage, e reage de forma cada vez mais disparatada. Ora, o que ganha com isso?
Directamente, ganha que Jardim perde ainda mais da pouca credibilidade de que goza no continente, levando a população do continente a colocar-se do lado de Sócrates nas contendas com Jardim.
Em segundo lugar, ganha porque o PSD fica neutralizado na questão. Jardim ainda goza de alguma influência no partido e os seus ataques ao líder são inevitáveis se este discorda dele. Por outro lado, o PSD não pode apoiar publica e explicitamente Jardim pelo facto descrito no parágrafo acima.
Por último, e mais importante, Sócrates consegue desviar as atenções do povo. Já repararam que de repente deixou de se falar das SCUT? Este assunto não está encerrado... A Lei das Finanças Locais parece que agora é só relativa à Madeira. Já não são transmitidas as críticas dos autarcas? E o orçamento, por sua vez, parece que não é muito mais que a Lei das Finanças Locais.
Enfim, muito engenhosa a táctica de Sócrates.

Thursday, November 02, 2006

Proporcionalidade e bom senso


A propósito desta notícia, pus-me a reflectir sobre a questão da demolição do "prédio Coutinho".
Eu sou acérrimo defensor do rigor no planeamento urbanístico e considero que, além de aspectos funcionais, o urbanismo deve contemplar aspectos estéticos.
Contudo, deve ter-se noção da proporcionalidade das coisas. Tanto quanto sei, a Vianapolis pretende demolir o prédio apenas por razões arquitectónicas e, de facto, o prédio é feio e está desenquadrado do contexto arquitectónico da cidade.
Mas será legítimo expropriar a casa de 300 pessoas por razões meramente estéticas? Eu acho que não. E que dizer da declaração de utilidade pública para a expropriação e demolição do edifício, com carácter de urgência? Loucura!
Portanto, concordo plenamente com esta decisão do tribunal e agrada-me que o rumo deste caso esteja a mudar para a direcção certa.
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