Wednesday, December 06, 2006

Benefício ou Sacrifício?

Eu sempre defendi, desde que este Governo assumiu o controlo, que Sócrates tem sido um primeiro-ministro exemplar. Naturalmente que "exemplar" é arriscado e enganador, mas é indicativo de uma boa prestação na ampla análise.

Elevar o salário mínimo em 4,4 por cento nesta ronda negocial, e em 100 euros em apenas 5 anos, equivale a aumentar a um ritmo "anómalo" nestes últimos anos aquilo a que se costumava chamar "Rendimento Mínimo Garantido".

É verdade que o salário mínimo existe em apenas uma pequena parte da população, mas o seu nível carecia de aumento significativo e representava ainda uma fracção claramente desfavorecida da população. Resta saber se este acto de boa vontade é uma doação, isto é uma espécie de compromisso unilateral do Governo em manter a imagem perante o eleitorado, ou se se baseia mais numa expectativa de impulso na economia via consumo privado.

A meu ver, é mais um confronto de ideais, uma espécie de doseamento equilibrado imprescindível nesta fase de estagnação económica. Diz-se que sem sacrifícios, não se alcançam benefícios. Estamos perante o clássico trade-off entre a sustentabilidade e competitividade empresariais e o compromisso de elevação do rendimento dos consumidores. Apesar de indigesto, já era tempo de este aparecer...

Friday, December 01, 2006

Feriados

1 de Janeiro - Ano Novo
Fevereiro (3ª feira - data flexível) - Carnaval
Março/Abril (6ª feira - data flexível) - Sexta Feira Santa
Março/Abril (Domingo - data flexível) - Páscoa
25 de Abril - Dia da Liberdade
1 de Maio - Dia do Trabalhador
Maio (5ª feira - data flexível) - Corpo de Deus
10 de Junho - Dia de Portugal
15 de Agosto - Assunção de Nossa Senhora
5 de Outubro - Implantação da República
1 de Novembro - Dia de Todos os Santos
1 de Dezembro - Restauração da Independência
8 de Dezembro - Imaculada Conceição
25 de Dezembro - Natal

São estes os feriados que, juridicamente aceites, se comemoram em Portugal. Analisando bem, e sem qualquer tipo de entrosamento especial por qualquer um destes dias, qualquer um de nós tem autoridade para dizer que de facto gozamos demasiados feriados. Pior ainda, é "engraçado" (passo a ironia) notar que, dos 14 feriados (!), 8 são de origem religiosa, com base no catolicismo português. Mais de metade. O cenário entra em descalabro total quando reparamos que muitos dos feriados que gozamos assinalam dias/acontecimentos que a maior parte dos portugueses desconhecem. Os Telejornais encarregam-se de nos mostrar esse triste facto.

Posto isto, sem ir muito além na análise, que utilidade tem uma "Restauração da Independência de 1640" (dia de hoje) ou uma "Implantação da República de 1910" quando já temos o "Dia da Liberdade de 1974"? Terá alguma função enfatizadora? A reiteração da tradição revolucionária portuguesa sobressai a nossa cultura? E já agora, qual a utilidade pública de um "Carnaval"? Muitos não saberão que é de origem religiosa, mas ele existe e está lá, e no entanto, não lhe é dada grande simbolismo. E a quantidade de feriados marcadamente religiosos ao longo de todo o ano?

A análise fica ao critério de cada um. Provavelmente isto não cai bem no seio de muita gente, que por motivos ideológicos, religiosos ou pessoais, aplaude a contemplação de tais dias sem trabalho. Mas fica bem pensar nisto.
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