Monday, May 29, 2006

Menos um monopólio

Fez parte da propaganda do Governo e, tal como em sido habitual, foi executado. O primeiro-ministro mostrou, mais uma vez no interesse do país, que sabe o que quer, e aboliu o monopólio no sector farmacêutico, ao liberalizar (em certa medida) os postos de venda de medicamentos sem prescrição médica.

Obviamente que com algumas contrapartidas e cirscunstacialismos, mas parece-me [mais] uma medida eficaz e benéfica, e sobretudo, de longo prazo. A visão macro-futura foi finalmente privilegiada neste assunto que se arrastava há anos.

Notável o entendimento conseguido, fantástico o resultado que acredito que irá ter. Menos concentração empresarial é benefício automático para o consumidor final, especialmente em uma área tão fulcral como a farmacêutica.

Tuesday, May 23, 2006

Agências, jornalismo e Carrilho



Ontem vi com grande interesse o debate do Prós e Contras da rtp1. Não me refiro a algum interesse que o livro de Carrilho possa ter. Considero-o uma espécie de Código Da Vinci, em que se interliga à força alguns factos reais de forma a retirar conclusões absolutamente disparatadas. O problema é que o livro de Dan Brown é um romance para entreter o pessoal, mas o livro de Carrilho acusa pessoas concretas de práticas muito graves (também não deixa de ser para entreter). Ou seja, o interesse do debate não esteve no livro de Carrilho, mas em três outros aspectos.
O primeiro é a abordagem feita pela primeira vez em televisão (que eu saiba e de forma tão profunda) acerca do trabalho das agências de comunicação. A existência destas agências não me incomoda particularmente, partindo do princípio que elas se limitam a tentar, por meios lícitos e honestos, divulgar a informação que os clientes querem. Contudo, ao que parece, as ditas agências têm excedido estas funções e contribuem para a degradação do jornalismo.
O segundo aspecto referido agrava o primeiro. Falo agora da diminuição do jornalismo de investigação, causada pelos cortes de orçamento das redacções. Isto tem como consequência a incapacidade do jornalismo em investigar questões importantes para a sociedade, acabando por se render à informação que chega das agências e que nem sequer é confirmada convenientemente e também ao jornalismo sensacionalista fútil.
O terceiro aspecto foi o prazer que tive em ver o verdadeiro Carrilho exposto para quem quisesse ver. A arrogância e o egocentrismo destacaram-se, revelando-se sempre que caía a capa do homem filósofo, cosmopolita e civilizado.

Saturday, May 20, 2006

Maternidades

Agora que a poeira assentou, penso já poder dizer alguma coisa sobre este assunto.
A minha opinião quanto ao encerramento das maternidades é favorável. Porquê? Porque penso que é possível economizar recursos sem prejudicar a qualidade dos serviços de saúde prestados; isto falando a um nível geral, pois, haverá casos em que não acontece exactamente isto ou em que valores mais altos s'alevantam - caso de Elvas.
Como é possível reparar, não faço a mínima referência ao argumento em que o governo diz apoiar-se exclusivamente: a melhoria dos serviços prestados. Em primeiro lugar, porque a qualidade já é tão boa, que é difícil melhorar. Em segundo lugar, a melhorar, certamente não será com o encerramento de materndidades em óptimas condições de funcionamento.
Conclusão: peço ao Governo que deixe de mentir aos portugueses e assuma o verdadeiro motivo desta reforma: economizar recursos. É um motivo nobre e não há que ter vergonha dele. Há apenas que garantir que, com a sua prossecução, não se esquecerá a manutenção do nível de excelência das nossas maternidades.

Friday, May 12, 2006

Água


Que o ano passado foi desastroso em matéria de água e recursos hídricos no período de Verão, todos sabemos. Que isto influencia muita coisa, desde o vital abastecimento às populações e indústria até ao combate aos incêndios, também é conhecido. O que muita gente ainda não notou é a clara e perigosa tendência para o facilitismo.

Nisto, Portugal embaraça mais uma vez quem o vê atentamente, seja de fora ou mesmo de cá dentro. Fomos capazes de, mais uma vez, pôr em evidência um dos maiores defeitos que poderemos ter: o fazer apenas quando o mal aparece; o reagir em vez de agir. Não é uma atitude exclusivamente nossa, mas seria bom não a demonstrarmos tanto. Tem sido com base nisso que o assunto da água volta, literalmente, à superfície.

Mesmo tendo a experiência dos últimos 5 anos, mesmo conscientes dos perigos, mesmo avisados pelos especialistas, mesmo estando à beira do colapso iminente e irreversível no caso de fracasso, continua a ser prática na sociedade portuguesa o tal facilitismo em matéria de recursos hídricos. Até agora, nos "Verões" preocupantes (antecedidos de poucas chuvas), mandam todos apertar o consumo ao máximo. Preços domésticos da água sobem, "chafarizes municipais" param indefenidamente, temporizadores de água são colocados nos chuveiros das praias e proibe-se a lavagem e regadio de carros e jardins. Até aqui a contenção era feita, só e exclusivamente, quando era estritamente necessária.

Não deixa, por isso, de ser cómico um país ser tão sábio em provérbios e ditados populares e, simultaneamente, não optar por "prevenir em vez de remediar". Continuam-se a permitir a abertura de complexos de Golf no Algarve a torto e a direito e continuam a criar lagoas artificiais e chafarizes para patos nas cidades cuja única utilidade é a manutenção de votos e interesses políticos, ao mesmo tempo que ainda há pessoas que, mesmo conscientemente, não optam por pequenas acções que salvam, como não deixar a água a correr ao lavar os dentes e a tomar apenas banhos de chuveiro.

O problema, meus caros, está nas pessoas. Nas pessoas que não respeitam o sentido de comunidade e o altruísmo. Nas pessoas que privilegiam o estético em detrimento da racionalidade. Nas pessoas que apenas agem quando o perigo aparece e é iminente, em vez de o fazerem diariamente para que este nunca venha a surgir. Nas pessoas que ainda não se consciencializaram de que, uma vez atingido o limite, não há volta a dar.

É este o nosso povo. São estas as nossas pessoas. São os nossos vizinhos, são os nossos familiares, são os nossos colegas de trabalho e de estudo, às vezes somos nós. Um apelo meu não dá em nada; mas uma acção comum no sentido da prevenção de uma catástrofe como a falta de água salva-nos a todos, enquanto que a passividade e o facilitismo só contribuem, paradoxalmente, para o nosso mal-estar. Sempre acreditei que só se dá pela falta das coisas quando elas desaparecem; e tenho pena que, a este ritmo, aprendamos todos da pior forma.

Tuesday, May 02, 2006

América Latina à esquerda?



Há uns meses, no Chile, venceu as eleições presidenciais a candidata socialista. Na Venezuela, governa Chavez. Na Argentina, temos um presidente de inspirações peronistas. No Brasil, governa Lula, e prevê-se que continue, apesar de tudo. No Uruguai, as últimas eleições foram de viragem à esquerda. Estes exemplos chagam para demonstrar uma tendência de esquerda.
Mas o que é novo neste contexto é a decisão do presidente da Bolívia de nacionalizar os recursos petrolíferos, assim como os mineiros, os florestais e os agrícolas. Uma medida muito radical, cujas consequências vão ser muito importantes na definição da orientação política geral da região.
Para já, noto a reacção brasileira, de extrema irritação pelo facto de as nacionalizações abrangerem a Petrobrás. Também a União Europeia já disse que isto é prejudicial ao mercado.
Fortalecer-se-á a tendência de viragem à esquerda? Ou haverá um movimento de reacção, a começar no Brasil liderado por Lula? Os EUA não tiveram ainda nenhuma posição forte nesta questão. Virão a ter? Estarei atento.
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