Conflito Armado - até quando?
Não vale a pena indagar sobre qual tem mais culpa: se Israel, se o Hezbollah. Ambos têm, e no contexto histórico do Médio Oriente, Israel já sofreu muito mas também não hesitou em fazer estragos gravíssimos quando a situação não se lhe exigia, perdendo assim grande parte da legitimidade veiculada pela auto-defesa que tanto proclamam. Mas a questão crucial até nem é a da culpa. Nos últimos dias, o conflito armado entre ambos tem vindo a azedar-se e o número de vítimas inocentes aumenta geometricamente quando a tendência correcta deveria ser a oposta.
Por parte do Hezbollah, é mais do que notório que o rapto dos soldados israelitas apenas despoletou o conflito armado, visto que o choque já lá estava implantado, apenas à espera de um elemento catalisador que libertasse a pressão acumulada ao fim de tanto tempo de "cessar-fogo", chamemos-lhe assim. Foi uma espécie de gota-de-água que, por uma vez mais, serviu a Israel como pretexto para a legítima defesa. O que é certo é que tudo o que é nação ali à volta está contra Israel, e os grupos fundamentalistas sedeados nesses Estados não olham a meios para conquistar território e poder sobre os judeus. O Médio Oriente tornou-se uma região composta por vários Estados que consideram um deles um traidor, um diferente, um à parte. A estratégia levada a cabo com vista à queda de Israel só confirma cada vez mais a tese de que este é um conflito inevitável, não obstante ser passível de ser esfriado.
Israel, por seu turno, tem seguido uma política de resposta, tal como tem vindo a fazer todos estes anos até ao dia de hoje. Age por legítima defesa, sempre em resposta a todo o tipo de ataques e ameaças exteriores, sempre com o apoio norte-americano. Tal não é condenável. É até de louvar todo o esforço conjunto do povo judaico em aguentar a pressão todos estes anos, mesmo após uma Guerra Mundial que dizimou uma parte significativa da sua população. Ainda mais louvável será a atitude de manutenção de coesão do seu povo, cuja persistência e união lhes permitiu manter os seus direitos adquiridos sobre o território que ocupam. O que mais condeno em Israel é a sua tendência para a auto-defesa desmesurada, veiculada por ataques irracionais que acabam por causar vítimas inocentes desnecessariamente. Tem sido notória uma confiança cega na legítima defesa como álibi perfeito para o ataque armado, e tal privilégio perde-se a partir do momento em que age de forma irresponsável. A crise humanitária no Líbano é grave, e é disso um exemplo. Tem havido dificuldades sérias na entrega de provisões às populações afectadas, não obstante os corredores humanitários abertos, que apesar de existentes, são insuficientes e ainda perigosos.
No meio aparecem os EUA. O sr. Bush merecia mais um atestado de incompetência a juntar às centenas que deveriam ter sido emolduradas na Sala Oval. Demonstrou passividade e indiferença em relação ao conflito ao enviar a sra. Rice em vez dele, com a agravante de se limitar a tentativas diplomáticas que de nada servem a não ser para manter a imagem de falsa preocupação. O conflito é demasiado antigo para chegar lá e pedir um "cessar-fogo temporário" como solução provisória, como se fosse uma atitude suficiente relativamente à questão. Pensemos: se fosse assim tão simples, qualquer governante já o teria feito antes dele mesmo.
Mas como pedir moderação a um povo que sofre a cada minuto que passa? E como pedir cessar-fogo a grupos fundamentalistas? A via diplomática seria a melhor, mas é incompatível com as circunstâncias actuais, ainda para mais com a quantidade de interesses económicos cruzados no terreno. Uma posição consensual é difícil de obter, mas também os Estados não atingidos deverão falar. Trata-se de uma questão cada vez mais global, demasiado grave para ser ignorada por visões repetitivas de drama humanitário. Uma solução deve ser encontrada o mais rapidamente possível, e a ONU terá que bater com o punho na mesa se não quiser perder a pouca credibilidade que ainda mantém. Afinal de contas, é para isso que esta serve.
Post Scriptum: Em virtude do período de férias, o blogue estará em período de stand-by temporário. Não significará, no entanto, que não terá actualizações.
Por parte do Hezbollah, é mais do que notório que o rapto dos soldados israelitas apenas despoletou o conflito armado, visto que o choque já lá estava implantado, apenas à espera de um elemento catalisador que libertasse a pressão acumulada ao fim de tanto tempo de "cessar-fogo", chamemos-lhe assim. Foi uma espécie de gota-de-água que, por uma vez mais, serviu a Israel como pretexto para a legítima defesa. O que é certo é que tudo o que é nação ali à volta está contra Israel, e os grupos fundamentalistas sedeados nesses Estados não olham a meios para conquistar território e poder sobre os judeus. O Médio Oriente tornou-se uma região composta por vários Estados que consideram um deles um traidor, um diferente, um à parte. A estratégia levada a cabo com vista à queda de Israel só confirma cada vez mais a tese de que este é um conflito inevitável, não obstante ser passível de ser esfriado.
Israel, por seu turno, tem seguido uma política de resposta, tal como tem vindo a fazer todos estes anos até ao dia de hoje. Age por legítima defesa, sempre em resposta a todo o tipo de ataques e ameaças exteriores, sempre com o apoio norte-americano. Tal não é condenável. É até de louvar todo o esforço conjunto do povo judaico em aguentar a pressão todos estes anos, mesmo após uma Guerra Mundial que dizimou uma parte significativa da sua população. Ainda mais louvável será a atitude de manutenção de coesão do seu povo, cuja persistência e união lhes permitiu manter os seus direitos adquiridos sobre o território que ocupam. O que mais condeno em Israel é a sua tendência para a auto-defesa desmesurada, veiculada por ataques irracionais que acabam por causar vítimas inocentes desnecessariamente. Tem sido notória uma confiança cega na legítima defesa como álibi perfeito para o ataque armado, e tal privilégio perde-se a partir do momento em que age de forma irresponsável. A crise humanitária no Líbano é grave, e é disso um exemplo. Tem havido dificuldades sérias na entrega de provisões às populações afectadas, não obstante os corredores humanitários abertos, que apesar de existentes, são insuficientes e ainda perigosos.
No meio aparecem os EUA. O sr. Bush merecia mais um atestado de incompetência a juntar às centenas que deveriam ter sido emolduradas na Sala Oval. Demonstrou passividade e indiferença em relação ao conflito ao enviar a sra. Rice em vez dele, com a agravante de se limitar a tentativas diplomáticas que de nada servem a não ser para manter a imagem de falsa preocupação. O conflito é demasiado antigo para chegar lá e pedir um "cessar-fogo temporário" como solução provisória, como se fosse uma atitude suficiente relativamente à questão. Pensemos: se fosse assim tão simples, qualquer governante já o teria feito antes dele mesmo.
Mas como pedir moderação a um povo que sofre a cada minuto que passa? E como pedir cessar-fogo a grupos fundamentalistas? A via diplomática seria a melhor, mas é incompatível com as circunstâncias actuais, ainda para mais com a quantidade de interesses económicos cruzados no terreno. Uma posição consensual é difícil de obter, mas também os Estados não atingidos deverão falar. Trata-se de uma questão cada vez mais global, demasiado grave para ser ignorada por visões repetitivas de drama humanitário. Uma solução deve ser encontrada o mais rapidamente possível, e a ONU terá que bater com o punho na mesa se não quiser perder a pouca credibilidade que ainda mantém. Afinal de contas, é para isso que esta serve.
Post Scriptum: Em virtude do período de férias, o blogue estará em período de stand-by temporário. Não significará, no entanto, que não terá actualizações.