Assim vai o CDS/PP
Ribeiro e Castro cometeu um erro, provavelmente irreflectido, quando apelidou o grupo parlamentar do seu partido de "banda". Contudo, o facto de poder ter sido irreflectido, não impede que possamos tirar do fenómeno algumas ilacções.
A primeira que noto é a cada vez mais visível crispação entre a direcção do partido e o seu grupo parlamentar, o que não deveria acontecer com tanta força num partido que é tido como o mais próximo do conceito de partido de quadros em Portugal.
A segunda é que há claramente duas facções no CDS/PP, que aliás o nome do partido muito bem reflecte. Uma é a do Centro Democrático Social (CDS), descendente de Freitas do Amaral e que agora ocupa a direcção do partido. Outra é a do Partido Popular (PP), descendente de Paulo Portas, detentora dos lugares do grupo parlamentar. A facção de Manuel Monteiro constituiu-se num novo partido (PND), pelo que já não entra no jogo. Os outros dois líderes - Lucas Pires e Adriano Moreira - não deixaram herdeiros significativos.
A terceira, decorrente da segunda, é que a facção do CDS é hoje uma coligação negativa - grupo de pessoas que só se uniram para lutar contra a outra facção, mas que, para além desse objectivo, não revelam nenhum outro fim comum. Revelou-se maior no congresso que elegeu Ribeiro e Castro, mas revelou-se pouco unida e pouco activa na defesa dele nos momentos necessários. Que eu tenha reparado, ninguém o veio apoiar contra os ataques do grupo parlamentar. O PP, pelo contrário, é uma facção unida, agressiva e determinada num objectivo. Tem um projecto para o partido, o que não é necessariamente bom, se o projecto for mau (como penso que é)
Face a isto, o meu prognóstico é que, mais tarde ou mais cedo, o PP vai voltar a assumir a direcção do CDS/PP. Ribeiro e Castro será obrigado a promover novas eleições no partido e muito dificilmente surpreenderá de novo.
Quanto à minha opinião, preferiria Ribeiro e Castro e seu estilo. A longo prazo, revelar-se-ia a escolha mais acertada do partido; tal como Paulo Portas, a longo prazo, se revelou a escolha errada. Apesar de não ser militante nem simpatizante do CDS/PP, faço esta análise porque o que acontecer neste campo será mais importante do que possa parecer para a política portuguesa.
2 Comments:
A mim também me parece que o PP vai "ganhar" ao CDS: estamos de acordo.
Abraço
Isso de o Paulo Portas ser um erro é só a minha opinião, mas mantenho-a. Admito que a vitória da ala a que chamei PP possa até ser boa, se for para líder o Pires de Lima, por exemplo. Sempre tem um estilo diferente do de Paulo Portas, com a vantagem de ter o tal projecto e o apoio sólido do grupo parlamentar.
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