Wednesday, March 08, 2006

Governo - a minha análise até ao momento


O Governo socialista liderado pelo Engenheiro José Sócrates iniciou funções há cerca de pouco mais de um ano. Desde então, o primeiro-ministro, contrariando os padrões históricos que assolam a política governativa portuguesa, tem feito mais e falado menos. Não é uma questão de falar pouco: é mais uma questão de racionalidade, oportunidade e premeditação quer no que diz em público, quer no que executa no âmbito do seu cargo.

Em um claro clima de estagnação económica que assombra o país há cerca de 2/3 anos (e alguns mais de crescimento económico enganador), José Sócrates e a sua equipa de ministros (e respectivos colaboradores) têm feito muito mais pelo país do que alguns governantes com mais tempo de exercício. Muito embora o ano transacto tenha acabado com um défice das contas públicas na ordem dos 6%, está bem clara a intenção de o manter bem abaixo desses limites (e se possível até extingui-lo antes do fim do mandato legislativo), recorrendo a projectos estratégicos, que coincidem com as linhas orientadoras do seu programa de Governo.

José Sócrates venera a Finlândia e adopta-a como país referência, sublinhando que deverá servir de modelo ao nosso desenvolvimento. Ora é precisamente essa a estratégia do Executivo, que tem feito jus ao modelo paradigmático escandinavo.

É certo que os resultados ainda não se vêem, e também é verdade que ainda irão demorar um pouco mais; mas é de isto que o País precisa no Governo: alguém capaz de agarrar nas rédeas e assumir o controlo, apostando em medidas de longo-prazo, em detrimento das populistas mas pouco eficazes acções de curto-prazo (vulgo "desenrasca", na língua portuguesa).

Devo dizer que fiquei deliciado com a obtenção de investimento que o Governo conseguiu nos últimos tempos: segundo o Diário Económico, Portugal irá beneficiar de um montante igual a 7,2 mil milhões de Euros, só em captação de investimento estrangeiro, e só mencionando 7 projectos altamente estratégicos, no sector da Energia, Turismo, Automóveis, Tecnologia e Indústria, entre outros. Resta saber se tais projectos seriam levados adiante se Portugal não estivesse tão mal como está neste momento...

Esperemos que os investimentos previstos na Ota e no TGV não sejam sufocantes e não prejudiquem a já asfixiada economia portuguesa...

3 Comments:

Blogger Luís Araújo said...

Benefício da dúvida, é o que eu dou.
A actuação na área da economia tem-me surpreendido pela positiva, apesar de algum folclore, mas é assim a política portuguesa...
Pelo contrário, estou céptico quanto à parte financeira. Para já não há verdadeiras medidas para descer o défice (note-se que o défice de 2005 foi superior ao de 2004, mesmo deduzidas as medidas extraordinárias). O Governo está à espera que a economia dê uma ajudinha. Além disso, OTA e TGV parecem-me demasiado arriscados no momento. Podem inviabilizar por completo a estabilização financeira nos próximos tempos. E sabemos as consequências que isso tem na economia.

March 08, 2006 6:29 PM  
Anonymous Anonymous said...

Concordo. Também lhe dou o benefício da dúvida. Pelo menos parece-me que estamos no bom caminho :).

Abraço

March 09, 2006 10:16 PM  
Blogger Bruno Simões said...

A Ota, sem dúvida, vai estragar tudo. Já nem me pronuncio quanto ao TGV, pois sou a favor e considero que é um serviço importantíssimo para Portugal e para a valorização dos caminhos-de-ferro, mas relativamente à Ota, acho que é um erro brutal. Vários estudos já provaram que o aumento do aeroporto da Portela, muito menos dispendioso, proporciona as mesmas ou melhores condições que a Ota vai proporcionar. Além disso, a exagerada distância a que o aeroporto vai ficar da capital (45 km)é, por si só, um factor que devia fazer o Executivo fazer pensar duas vezes. Isto para não falar dos problemas referidos pelo luís araújo: sem dúvida que um investimento desta magnitude destruirá um esforço de anos para voltar a estruturar a nossa economia (isto caso em 2017 a economia já esteja estruturalmente solidificada).

March 18, 2006 9:36 PM  

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