Thursday, February 23, 2006

Greves

Nestes últimos dias, o País tem sido alvo de mais greves. Hoje, por exemplo, uma percentagem da população da Grande Lisboa foi prejudicada devido a uma greve nos comboios. Eu não fui afectado: primeiro, porque não uso o comboio; segundo, porque não sou de Lisboa (ainda bem).

Não quero de todo culpabilizar a população que faz greves como uma das principais causas da estagnação económica e da fraca competitividade portuguesa. Influencia, mas não determina. Também será óbvio que a greve, como direito reinvidicativo que é, tenha de estar patente nas democracias actuais, ao qual Portugal não foge à regra.

Todavia, em Portugal o fenómeno da greve é recheado de contornos mais estranhos (passo o termo eufemístico). Por aqui, as greves são feitas aos montes e de forma desorganizada. Por exemplo, houve uma greve estes dias na educação (em algumas escolas, penso eu), mas nem por isso eu sabia: só tomei conhecimento do facto no dia seguinte. Daqui depreende-se um facto importante: as greves, por cá, são feitas ao calhas e tal provocou uma banalização do direito, que afecta gravemente o seu sentido e finalidade últimos. Quer isto dizer que, as greves são tantas e tão mal feitas, que chegamos ao ponto de saturação, caracterizado por uma certa apatia relativamente ao facto, pois já é um fenómeno que não nos surpreende, embora por vezes nos afecte.

Todos os anos há greves dos professores (várias), dos alunos menores e dos universitários (então estes muitas vezes nem sabem o que reinvidicam...), do pessoal de saúde, e de outros serviços como as repartições de finanças, os correios ou os transportes. E muitas delas até têm propósitos sustentados e bem delineados, mas é o mau usufruto deste direito tão dificilmente conquistado pelos nossos antepassados que o torna algo normal, paradigmático e perfeitamente legítimo, independentemente da frequência com que o usam.

Por isso, faço um apelo: quando fizerem greve, façam-no bem e de uma só vez (por assim dizer). Todos beneficiamos. Para bem de quem reinvidica, para bem dos políticos e para bem de quem ainda virá a usar este direito...

Parecido com as greves, mas não especialmente ligado está a tolerância de ponto que o executivo de José Socrates deliberou para a próxima 3ª feira. Muito bem, sr. Primeiro Ministro... Eu até estou a gostar do seu desempenho global, mas se estamos pela recuperação económica do país, então sejamos minimamente coerentes, pois não nos podemos dar ao luxo de abdicar de mais um dia de produção nacional...

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Ah, até que enfim descubro de que blog é o Luís Oliveira :)! Não tens nenhum blog de cinema?

Realmente, neste país faz-se greves por tudo e por nada. Também tive colegas meus que foram afectados pela greve dos comboios. E o mais irónico é que neste país, as greves não servem para nada, pois tudo vai continuar na mesma...Enfim!

P.S. -> Vou adicionar este blog aos links do meu blog :)!

Abraço

March 01, 2006 5:54 PM  
Blogger Luis Oliveira said...

O de cinema acabei por não fazer. Depois explico-te porquê...

Thx man! Abraço! Vou adicionar o teu no meu outro blog.

March 03, 2006 3:20 PM  
Blogger Luís Araújo said...

Apoiado! Este, sim, é um direito que deve ser exercido com responsabilidade, sob pena de anular os seus efeitos

March 03, 2006 6:57 PM  

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